Espelhar letras e números é comum no início da alfabetização, mas este ano tenho um grande número de crianças da turminha do meu 2º ano “virando” tudo! Com a ajuda da minha querida colega, professora da Sala de Recursos e especialista em Ensino Especial, a Lisi, comecei a pesquisar o assunto para poder ajudar os alunos a superar suas dificuldades.
Por ser ainda o 2º ano de alfabetização, algumas trocas fazem parte, já que as crianças estão sistematizando suas hipóteses de escrita, porém alguns alunos espelham palavras e frases inteiras. Pesquisando sobre o assunto, descobri que esta pode ser uma característica de DISGRAFIA. Mas isso não significa que as crianças que espelham letras e números sejam disgráficos! Os especialistas não consideram o ‘espelhamento’ um problema de aprendizagem, dependendo da idade da criança.
Jesus Garcia coloca que uma disgrafia típica seria a escrita em espelho, ou escrita espelhada. A criança que escreve em espelho não tem uma representação estável dos traços componentes dos grafemas e possui apenas parte da informação, por isso, produz uma confusão e uma escrita em espelho.
Segundo Valquiria Miguel Luchezi, algumas das possíveis causas são: déficit no domínio da ação, da motricidade, da organização temporo-espacial e na dominância lateral, podendo ser acrescentados distúrbios de atenção e da memória. As maiores dificuldades são situar as diversas partes de seu corpo, umas em relação às outras, as noções de alto, baixo, frente, atrás e sobretudo, direita e esquerda. Cada letra é percebida isolada e corretamente, mas as relações que a criança estabelece entre elas não são estáveis, dependem do sentido de deslocamento do seu olhar, esquerda-direita, ou vice-versa.
A coordenadora pedagógica Bettina Aroucha, explica que o motivo mais comum para as crianças em fase de alfabetização escreverem espelhado relaciona-se à imaturidade dos neurônios, que ainda não permite à criança um domínio completo de posições e direções espaciais. A lateralidade também pode estar indefinida, impossibilitando o aluno de transferir as noções de direita e esquerda para algo externo a si próprio, no caso, a folha de papel. Ele é capaz, por exemplo, de mostrar sua mão direita, dizer quem está sentado do seu lado esquerdo, mas ainda não identifica o lado direito de um colega à sua frente ou a posição da letra P.
Betina também afirma que outro fator responsável pelo espelhamento nessa idade é a chamada “fase de ensaios”. Até atingir a escrita alfabética a criança faz várias tentativas nas quais cria e recria o sistema de escrita. Nesse processo, podem aparecer números no meio das palavras, ou letras e frases invertidas, pois os aspectos gráficos não são a preocupação maior da criança. O que ela quer é descobrir com quantas e quais letras se escreve uma palavra.
Para Luciana Márcia dos Santos, a construção da escrita é um dos últimos processos de aprendizagem e um dos mais complexos a ser adquirido pelo homem. Fundamentada em Piaget, considera que a origem do desenvolvimento cognitivo dá-se de dentro para fora, ocorrendo em função da maturidade do sujeito. Mesmo sabendo que o ambiente poderá influenciar no desenvolvimento cognitivo, sua ênfase recai no aspecto biológico, ressaltando a maturidade do desenvolvimento. Tanto como no raciocínio, o social e o afetivo também se equilibram de acordo com o crescimento do individuo.
Para Piaget, as atividades mentais, assim como as atividades biológicas, têm como objetivo a nossa adaptação ao meio em que vivemos. De acordo com essa postura teórica a mente é dotada de estruturas cognitivas pelas quais o indivíduo intelectualmente se adapta e organiza o meio. Toda criança, a partir dessa perspectiva nasceria com alguns esquemas básicos - reflexos - e na interação com o meio iria construindo o seu conhecimento a respeito do mundo, desenvolvendo e ampliando seus esquemas.
A idéia, então, é oferecer atividades para tentar superar as hipóteses iniciais, provocando desequilíbrios para que novas assimilações e acomodações ocorram. Por isso é necessário fazer sempre a análise e a reflexão lingüística das palavras, confrontando as hipóteses de escrita dos alfabetizandos com a escrita convencional. Também é fundamental propiciar atos de leitura e escrita às crianças para que aprendam ler lendo e a escrever escrevendo, por meio de atividades significativas e contextualizadas. Elas deverão ler textos mesmo quando ainda não sabem ler convencionalmente, apoiando-se inicialmente na memória e ilustração.
Agora que descobri as principais características desta dificuldade que meus alunos estão passando, vou atrás de atividades para integrar ao meu planejamento diário. Depois, os casos mais graves serão encaminhados à Sala de Recursos, para que a professora especialista possa fazer uma avaliação adequada e os encaminhamentos necessários.
PARA ACESSAR ALGUMAS SUGESTÕES DE ATIVIDADES QUE SEPAREI, CLIQUE AQUI PARA BAIXAR O ARQUIVO.
Olá Sintian!!
ResponderExcluirAqui é a profe Marijara (fui sua aluna no curso do NIDI ano passado).
Estava com saudades e resolvi entrar em seu blog para espiar!!
Adorei este post sobre letras espelhadas. estou trabalhando com apoio pedagógico pela manhã e com certeza sua pesquisa e dicas irão me auxiliar!
Aproveitando o ensejo, inaugurei um brechó virtual para dar uma reciclada no armário!!
Quando puderes, dá uma passadinha lá e faz propaganda pras amigas!!!
http://brechotudibom.blogspot.com
Beijos!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOi amiga eu também dou aula para alunos do 2ºano do ciclo inicial da alfabetização e é comum nesta fase esta escrespelhada. Temos que trabalhar mais a questão da lateralidade e da coordenação motora. Depois faça uma visitinha no meu blog.Um abraço
ResponderExcluirOlá,
ResponderExcluirSeu blog continua impecável, com muita infoamção precisa.
temos um mimo pra vc de aitude.Passe lá no nossosprojetoseideias.blogspot.com
Krika e Géssica
Olá a todos!
ResponderExcluirMeu nome é Angelus, tenho uma filha de seis anos na fase de alfabetização. Ocorreu que ao sair o resultado da prova de matemática, a professora considerou as respostas escritas de forma espelhada erradas.
Gostaria de saber se essa atitude foi correta e o que devo fazer?
Assim como a colega acima, a professora da minha filha de 6 anos não considera certas as respostas escritas de forma espelhada. Por favor, será que vc pode enviar p o meu e-mail os exercícios citados? não consegui baixar de jeito nehum e gostaria de tentar ajudar minha filha. Obrigada, Grace (grace.assessoria@gmail.com)
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirQue maravilha este bloguinfo!
Parabéns!
Olá,
ResponderExcluirA minha filha entrou para o 1ªano, e a professora disse que ela escreve algumas letras em espelho revelando assim sinais de imaturidade. Tendo ficado preocupada decidi investigar um pouco sobre isso e assim descobri este blog.
Gostei muito, vou concerteza fazer algumas das actividades que sugere. Muito obrigada e parabéns
Olá,
ResponderExcluirAdorei a informação, pois sou estudante de Pedagogia e a minha professora comentou sobre o assunto em relação a números, e para mim está sendo muito válido, ficar antenada para quando eu começar a prática não me perder e dar um ensino de qualidade.
Bjs
Taís
Oi Taís
ResponderExcluirÉ importante observar que cada caso é único e merece um atenção especial do professor. Na maioria dos casos, com as atividades que sugeri, as crianças conseguem superar suas dificuldades.
Abraços
Sintian
OLá!
ResponderExcluirTenho 17 anosm e uma priminha de 3.
Estou muito preocupada porque olhei o caderno dela e constatei inúmeras repetições da palavra "roma",que na verdade seria amor , e também "oma' dentro de um coração(amo). Enfim... fiz pesquisas no google sobre a escrita espelhada e tal...
Poderia me mandar por e-mail o que deveria fazer? exercpicios pra ela quem sabe?
Espero resposta.
Grata, Andressa S.Borges.
e-mail: andressasb93@hotmail.com
Olá,
ResponderExcluirTenho uma filha de 06 anos, porem ela escreve tudo revirado... meu nome, eu soletro pra ela... e ela escreve enilekcaj... e com as letras viradas ao contrario. Faço ela reescrever até ficar certo, mas é normal?
Abraços