"A grande constribuição dos recursos digitais e
o que de fato eles mudam é
o envolvimento do estudante com a aprendizagem,
produzindo e investigando os conteúdos."
Maria Elizabeth B. de Almeida
Sempre há uma nova tendência no uso das TICs na educação. Diria minha professora Tânia Azevedo: Educação Fashion Week. É mais ou menos assim que tenho me sentido... a cada dia surge uma novidade tecnológica e a sociedade acredita verdadeiramente que ela deve ser imediatamente incluída nas salas de aula. Será?
Tenho pesquisado e lido sobre os tablets já que a perspectiva é a de que logo, logo, eles cheguem nas salas se aula. Compartilho aqui algumas percepções:
1) Tablets na sala de aula: mais do mesmo
http://www.cartacapital.com.br/carta-na-escola/tablets-na-sabela-de-aula-mais-do-mesmo/
"O tablet tornou-se sensação entre usuários de tecnologia pela portabilidade e a possibilidade de acessar a internet ou ler livros digitais, por exemplo, com mais facilidade."
"A estratégia foi anunciada pelo ministro Aloizio Mercadante como forma de resolver o problema da evasão escolar no Ensino Médio: “A escola precisa se reinventar para atrair e dialogar com essa juventude”, afirmou na ocasião, ao dizer que o modelo de escola atual é do século XVIII e que é preciso renová-lo."
Jens Bammel, secretário da International Publishers Association, falou sobre a febre mundial dos tablets na educação no 3º Congresso Internacional do Livro Digital, em São Paulo: “Em todo o mundo, surgem políticos dizendo que é preciso trazer a sala de aula para o século XXI enquanto tiram fotos com iPads ao lado de crianças sorridentes. Na hora, discursam sobre como se isso somente fosse capaz de dar um salto nos indicadores de qualidade, porém, o que se forma é um ciclo de entusiasmo em que os governos repetem os mesmos erros: criam grande expectativa, as coisas se acalmam, as pesquisas mostram pouco ou nenhum resultado e o projeto é enterrado quietamente. Até que um outro político descobre um novo aparato tecnológico com que desfilar diante das câmeras".
Sergio Ferreira do Amaral, professor da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pesquisador do Laboratório de Novas Tecnologias Aplicadas na Educação da instituição, vê com cautela o programa do ministério: “Não é preciso ser especialista para saber que é um fetiche comprar um aparelho sem planejamento pedagógico sério. O material não trará ganhos se só tiver animações. Boa parte do uso dos tablets é para leitura de arquivos de texto em formato PDF, quando ele tem um potencial para muito mais que isso.”
Klaus Schlünzen Junior, coordenador do Núcleo de Educação a Distância da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) afirma: “A iniciativa de disponibilizar tecnologia é importante, necessária, mas não suficiente para melhorar a educação brasileira. O grande problema é a formação de professores, ela deve ser intensa e acompanhar qualquer inserção de TICs nas escolas”.
O professor Sergio Ferreira. questiona: "Hoje, a maioria das escolas tem laboratórios de informática subutilizados. Não há projetos pedagógicos, os computadores são usados para fazer pesquisas, baixar coisas da internet, o que é muito pouco para o que a infraestrutura permite. Há o risco de o mesmo acontecer com o tablet”.
Num País em que é comum o relato de laboratórios de informática e mesmo bibliotecas que acabam trancados por medo de que os estudantes estraguem o que eles guardam, cabe refletir sobre como o educador vê a tecnologia.
Para Klaus, os ganhos tropeçariam, justamente, na desenvoltura dos professores em incorporar as possibilidades que a ferramenta oferece: “A tecnologia por si só não melhora a educação. Isso é algo óbvio e evidente. Educação é um processo humano que depende de bons professores. Ela precisa ser vista como um novo instrumento pedagógico como qualquer outro. Apenas aliada a um professor com boa formação inicial e continuada é que ela poderá trazer efetivos avanços.”
2) Tablets substituem livros em escolas brasileiras
http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/tablets-substituem-livros-em-escolas-brasileiras/n1597608252795.html
“Com as ferramentas de interatividade, imagens animadas e geolocalização, qualquer lugar é transformado em sala de aula. É possível reinventar atividades como gincanas, trilhas de caça ao tesouro, que são extremamente educativas”, diz. No entanto, o engenheiro de sistemas eletrônicos Martin Restrepo alerta que um tablet na sala de aula não faz diferença se o professor for usá-lo apenas como PowerPoint. “O modelo pedagógico tem que mudar radicalmente”, defende.
3) No fim das contas, computadores não vão salvar a educação
http://tecnoblog.net/97675/olpc-peru/
Para terem sucesso em sala de aula, alunos equipados com computadores precisam, olha só, de bons professores. Confira o relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) aqui: http://idbdocs.iadb.org/wsdocs/getdocument.aspx?docnum=36706954
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