quarta-feira, 23 de maio de 2007

::Estímulo equivocado::

O Editorial do Jornal Zero Hora de 22/05/2007 retrata meu ponto de vista sobre a polêmica possibilidade de nossos alunos receberem para estudar. Tomo a liberdade de registrar o texto na íntegra.

"A intenção manifestada pelo governo federal de contemplar estudantes de 5ª a 8ª séries já beneficiados pelo Bolsa-Família com um estímulo em dinheiro quando passarem de ano pode até fazer sentido, mas é inadequada e descabida.

Ao relegar a um plano secundário as contrapartidas que eram exigidas pelo antigo Bolsa-Escola, entre as quais estavam o desempenho em sala de aula, o atual governo contribuiu para descaracterizar o incentivo.

Premiar, portanto, quem deveria espontaneamente se esforçar para ser aprovado, entre outras razões pelo fato de sua família estar recebendo dinheiro público para manter os filhos na escola, seria um contra-senso, com elevadas chances de dar margem a problemas graves.

O país registrou uma conquista impensável até há alguns anos, de levar praticamente todos os brasileiros em idade escolar para a sala de aula. O avanço, porém, não garantiu a manutenção de padrões de qualidade, fato que precisa ser enfrentado de imediato para não continuar prejudicando parcelas importantes dos que estão em fase de aprendizagem.

Entre os indicadores que reforçam a falta de eficiência do ensino público, estão os elevados índices de evasão da escola e de reprovação, que precisam dar margem a alternativas capazes realmente de atacar esses problemas. Mesmo nesse quadro, a premiação em dinheiro para quem passar de ano é inaceitável.

Uma das razões, obviamente, é que poderia levar ao desestímulo quem se esforça hoje para ser aprovado, independentemente de premiação específica. Outra é o fato de essa pretensão ampliar as chances de pressão por parte dos pais sobre os professores para que aprovem até mesmo alunos com rendimento insatisfatório, devido ao interesse financeiro.

Os elevados índices de repetência são uma das chagas educacionais para a qual o setor público ainda não encontrou respostas eficazes. A solução, porém, está longe de ser a aventada agora. Na busca, o governo não deve abrir mão de ênfase à qualificação, o que implica maior valorização dos professores e formas que apelem à criatividade, não ao mero assistencialismo, para incentivar alunos carentes a progredirem no aprendizado. "

Fonte: Jornal Zero Hora

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